11.08.2007 (sabado-f)- Para Vitória
Acordámos cedo pois queríamos ver a catedral de Neimayer antes de abalarmos. Da outra vez que visitei Brasília tudo me pareceu mais pequeno. Porém, desta vez o que me pareceu grande demais foi precisamente a escala urbana da infra-estrutura e dos espaços públicos. Penso que a escala dos edifícios era aquela a que Neimayer, Figueiras, Reidy, Lucio Costa... estavam habituados a edificar. O que é grande é tudo o que é demais aos edifícios. Estes preenchem perfeitamente a moldura das fotografias e têm uma escala humana, contrariamente às distâncias que temos que percorrer entre eles. O vazio da paisagem urbana é o que parece desproporcionalmente vasto ! A dependência do carro é total e a escala de tais elementos foram pensados para essa velocidade e para o desejo modernista de quebrar com as regras do passado. O que foi completamente repensado, e novo, foi a escala urbana das superfícies urbanas/vazios urbanos e infra-estruturas. Se estes fossem reduzidos para a escala pedonal, talvez 3 vezes mais pequena, possivelmente os edifícios me pareceriam na escala adequada !
Nessa manhã ainda queríamos marcar os nossos voos para Vitória. Curiosamente bilhetes directamente para Vitória não eram muito frequentes e o seu preço era alto. Nas quadras comerciais de Brasília a maioria do comércio estava fechado. Só perto do Novo Hotel (?) é que encontrámos uma agência de viagens aberta !
Saímos de Brasília às 14.30 para Rio de onde seguiríamos para Vitória. No caminho para o aeroporto a terra vermelha da paisagem de Brasília contrastava com o enorme céu de azul cobalto. Já não chovia há 2 meses e a vegetação da planície estava ressequida e transparente.
O aeroporto de Brasília fica a 20 minutos do cruzamento dos dois eixos. É fácil o seu acesso mas a sua escala, mais uma vez, parecia pequena em relação à planície onde assentava. Existe qualquer coisa de monumental na paisagem que circunda Brasília; Também não existem montes, montanhas nem outeiros que ajudem a concentrar o olhar no horizonte...
O voo atrasou-se 2 horas e quando chegámos a Vitória já eram 22.30. O hotel localizava-se no centro da “cidade alta” e era de instalações humildes mas fronteiro ao Palácio Anchieta, nome do primeiro Padre Jesuíta a chegar a estas terras e outrora um convento Jesuíta.
A chegada a Vitória parecia diferente das outras. O aeroporto era bastante humilde, como se não houvesse uma infra-estrutura sistematizada para o Turismo mas sinais acusavam o início da construção de um novo Aeroporto Internacional. Aterrámos e caminhámos na pista para o terminal de chegadas, sem autocarros que nos transportassem, sem passeios ou pontes. Uma situação muito excepcional considerando questões de segurança contemporânea impostas pelo 11 de Setembro. Por humilde que fosse achei imensamente funcional e desprovido de complicações que geralmente acompanham as chegadas e partidas de qualquer aeroporto. Em 10 minutos saímos do avião, descemos na pista e deslocámo-nos para o terminal para pegarmos as malas que já rolavam nas esteiras à nossa espera.
Lá fora táxis, de modelos recentes, esperavam por passageiros e luzes abundavam no campo do terminal. Luzes também abundavam nas ruas que nos levavam ao centro de Vitória. Contrariamente às outras cidades, a deslocação até Vitória parecia segura e próspera. O Hotel já estava reservado pois, como tínhamos aprendido das outras chegadas à noite, era importante sabermos para onde nos dirigirmos. O Hotel estava localizado era em frente à Praça João Climaco e ao Palácio Anchieta, outrora um colégio Jesuíta. Muito do património de Vitória tinha sido ou alterado ou destruído. Pouco restava do seu período colonial e chamou-se a isso a “modernização” trazida pela Industrialização do início da década de 30. Vitória tornou-se numa cidade relativamente próspera desde então quando a linha ferroviária foi aberta, permitindo o crescimento da industria possibilitado pelas condições portuárias da sua baía. Desde então tornou-se numa cidade industrial com uma dinâmica comercial elevada sobretudo localizada nas zonas de expansão e do porto. O centro da actividade económica já não acontecia no centro e este, quando chegámos, parecia moribundo. O comércio, de carácter doméstico, estava fechado para o fim-de-semana. Pouca gente reside por aqui. Sem um património cultural abundante e sem, aparentemente, uma identidade forte Vitória não depende no Turismo para a sua economia. Mas o que era especial em Vitória que tinha atraído os portugueses a se estabelecerem aqui ?
Já era tarde e o céu estava nublado lembrando-nos que é Inverno no Brasil. Na praça Costa Pereira o Teatro Carlos Gomes encerrava a sua actuação e algumas pessoas acumulavam-se à sua entrada a comer pipocas que uma senhora de idade vendia num stand móvel. O único stand da praça, uma mesa móvel com 2 rodas e um recipiente para fazer o preparo do snack.
O centro de Vitória era vazio mas parecia seguro para caminhar à noite. O silêncio era dominante e os grilos faziam-se ouvir.
A “inabitação” de Vitória puxavam-nos sempre para ver o que existia para além da próxima curva e quando chegámos ao hotel já era tarde. O quarto era de um humilde verde marítimo, parecíamos que estávamos no fundo de um aquário a olhar para pequenos peixes que rodopiavam à superfície. Estes pequenos peixes eram imensos mosquitos que se preparavam para um festim nocturno.
Acordámos cedo pois queríamos ver a catedral de Neimayer antes de abalarmos. Da outra vez que visitei Brasília tudo me pareceu mais pequeno. Porém, desta vez o que me pareceu grande demais foi precisamente a escala urbana da infra-estrutura e dos espaços públicos. Penso que a escala dos edifícios era aquela a que Neimayer, Figueiras, Reidy, Lucio Costa... estavam habituados a edificar. O que é grande é tudo o que é demais aos edifícios. Estes preenchem perfeitamente a moldura das fotografias e têm uma escala humana, contrariamente às distâncias que temos que percorrer entre eles. O vazio da paisagem urbana é o que parece desproporcionalmente vasto ! A dependência do carro é total e a escala de tais elementos foram pensados para essa velocidade e para o desejo modernista de quebrar com as regras do passado. O que foi completamente repensado, e novo, foi a escala urbana das superfícies urbanas/vazios urbanos e infra-estruturas. Se estes fossem reduzidos para a escala pedonal, talvez 3 vezes mais pequena, possivelmente os edifícios me pareceriam na escala adequada !
Nessa manhã ainda queríamos marcar os nossos voos para Vitória. Curiosamente bilhetes directamente para Vitória não eram muito frequentes e o seu preço era alto. Nas quadras comerciais de Brasília a maioria do comércio estava fechado. Só perto do Novo Hotel (?) é que encontrámos uma agência de viagens aberta !
Saímos de Brasília às 14.30 para Rio de onde seguiríamos para Vitória. No caminho para o aeroporto a terra vermelha da paisagem de Brasília contrastava com o enorme céu de azul cobalto. Já não chovia há 2 meses e a vegetação da planície estava ressequida e transparente.
O aeroporto de Brasília fica a 20 minutos do cruzamento dos dois eixos. É fácil o seu acesso mas a sua escala, mais uma vez, parecia pequena em relação à planície onde assentava. Existe qualquer coisa de monumental na paisagem que circunda Brasília; Também não existem montes, montanhas nem outeiros que ajudem a concentrar o olhar no horizonte...
O voo atrasou-se 2 horas e quando chegámos a Vitória já eram 22.30. O hotel localizava-se no centro da “cidade alta” e era de instalações humildes mas fronteiro ao Palácio Anchieta, nome do primeiro Padre Jesuíta a chegar a estas terras e outrora um convento Jesuíta.
A chegada a Vitória parecia diferente das outras. O aeroporto era bastante humilde, como se não houvesse uma infra-estrutura sistematizada para o Turismo mas sinais acusavam o início da construção de um novo Aeroporto Internacional. Aterrámos e caminhámos na pista para o terminal de chegadas, sem autocarros que nos transportassem, sem passeios ou pontes. Uma situação muito excepcional considerando questões de segurança contemporânea impostas pelo 11 de Setembro. Por humilde que fosse achei imensamente funcional e desprovido de complicações que geralmente acompanham as chegadas e partidas de qualquer aeroporto. Em 10 minutos saímos do avião, descemos na pista e deslocámo-nos para o terminal para pegarmos as malas que já rolavam nas esteiras à nossa espera.
Lá fora táxis, de modelos recentes, esperavam por passageiros e luzes abundavam no campo do terminal. Luzes também abundavam nas ruas que nos levavam ao centro de Vitória. Contrariamente às outras cidades, a deslocação até Vitória parecia segura e próspera. O Hotel já estava reservado pois, como tínhamos aprendido das outras chegadas à noite, era importante sabermos para onde nos dirigirmos. O Hotel estava localizado era em frente à Praça João Climaco e ao Palácio Anchieta, outrora um colégio Jesuíta. Muito do património de Vitória tinha sido ou alterado ou destruído. Pouco restava do seu período colonial e chamou-se a isso a “modernização” trazida pela Industrialização do início da década de 30. Vitória tornou-se numa cidade relativamente próspera desde então quando a linha ferroviária foi aberta, permitindo o crescimento da industria possibilitado pelas condições portuárias da sua baía. Desde então tornou-se numa cidade industrial com uma dinâmica comercial elevada sobretudo localizada nas zonas de expansão e do porto. O centro da actividade económica já não acontecia no centro e este, quando chegámos, parecia moribundo. O comércio, de carácter doméstico, estava fechado para o fim-de-semana. Pouca gente reside por aqui. Sem um património cultural abundante e sem, aparentemente, uma identidade forte Vitória não depende no Turismo para a sua economia. Mas o que era especial em Vitória que tinha atraído os portugueses a se estabelecerem aqui ?
Já era tarde e o céu estava nublado lembrando-nos que é Inverno no Brasil. Na praça Costa Pereira o Teatro Carlos Gomes encerrava a sua actuação e algumas pessoas acumulavam-se à sua entrada a comer pipocas que uma senhora de idade vendia num stand móvel. O único stand da praça, uma mesa móvel com 2 rodas e um recipiente para fazer o preparo do snack.
O centro de Vitória era vazio mas parecia seguro para caminhar à noite. O silêncio era dominante e os grilos faziam-se ouvir.
A “inabitação” de Vitória puxavam-nos sempre para ver o que existia para além da próxima curva e quando chegámos ao hotel já era tarde. O quarto era de um humilde verde marítimo, parecíamos que estávamos no fundo de um aquário a olhar para pequenos peixes que rodopiavam à superfície. Estes pequenos peixes eram imensos mosquitos que se preparavam para um festim nocturno.
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