10.08.2007 (sexta-f) – 1 dia em Brasília
Passámos maioritariamente do tempo com os nossos amigos e com a sua filha Leda de apenas 2 semanas. Hória e Gabriela são ambos arquitectos em Brasília, e dedicam-se maioritariamente à elaboração de mobiliário e renovação de interiores. Falam do quanto em Brasília a vida é ideal para Leda crescer: uma vida calma, sem sobressaltos ou falta de segurança, perto da família e com parques e jardins para ela brincar. Não se viam permanecer em Brasília porque quando Leda crescer não há muito que explorar em Brasília. Talvez uma mudança para São Paulo ou Munique (onde Oria cresceu) estava como alternativa. É interessante ver como hoje a mudança em casais novos, onde se vive e trabalha, está eminente nos dias de hoje, onde a informação e contacto é tão omnipresente. Penso que o povo português ainda é muito resistente a este fenómeno de transição pelo facto dos laços sociais e familiares serem muito apertados. A qualidade de vida não é a mesma da década de 70, onde o boom da emigração ocorreu, mas existe decerto o conforto emocional que “o viver perto de quem se gosta e perto do que se conhece e/ou domina” impele ao desejo de permanecer...
Passámos a tarde a visitar a Praça dos 3 Poderes, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal, o Palácio do Planalto, o Palácio do Itamaraty e o Palácio da Justiça. Todos edifícios de Óscar Neimayer que há pouco celebrou o seu aniversário: 100 anos de vida! A sua totalizante cor branca oferece um contraste dramático contra o céu cobalto. A impressão cinematográfica reside na Praça dos 3 Poderes e, em vez de acumulação de presenças históricas temos a claridade de um só gesto de construção.
Mais uma vez sou surpreendida pela escala dos edifícios que me parecem sempre mais pequenos. Porém a sua fotogenia é impressionante. Do exterior os pormenores destacam-se e a plasticidade da construção transforma-se em ornamentos. Porém no interior esta espectacularidade dissolve-se. Acredito que estes edifícios tenham sido feitos para serem admirados mais no seu exterior do que “experienciados” no seu interior. De facto, estes estão no seu tempo maioritariamente vazios.
Um dos edifícios que escapa àquela descrição é o Palácio do Itamaraty. Este edifício em colaboração com Roberto Burle Marx parece concebido até ao mais pequeno detalhe. Parece uma escultura arrancada do chão posteriormente escavada para revelar a uma estrutura de terra cinzenta. Metafisicamente vazio este interage intensamente com o visitante. Natureza em forma de intensa vegetação, água, pedras, som e luz invadem o seu interior. E a fronteira com o exterior dissolve-se. O pavimento, refinadamente polido, reflecte as sombras das inúmeras esculturas espalhadas no seu interior. Que colaboração excepcional onde arquitectura, estrutura, arte e paisagismo coexistem sem se aniquilar mas sim complementar numa experiência completa em sentir espaço ! Se tivesse de escolher um edifício que materializasse “espaço” escolheria definitivamente o Palácio de Itamaraty.
Também por causa do Palácio de Itamaraty nunca tinha reparado no edifico em frente, no Palácio da Justiça. A sua fachada é incrivelmente exuberante. Se no Palácio Itamaraty a experiência espacial é próximo de uma descrição metafísica aqui, concentrada no seu exterior, é sensual e exótica. O trabalho do betão varia em todas as fachadas e o som invade sem pedir licença os nossos corpos. Á água cai de conchas de betão que conferem em espectacular valor ornamental às fachadas ao mesmo tempo que fornece uma brisa fresca à secura do ar. Enormes peixes pincelam com cores berrantes os espelhos de água que circundam o edifício e a vegetação aquática oferece habitat aos mais variados pássaros e insectos que nos circundam. Talvez por o sol estar perto da linha do horizonte estes aumentam em número e actividade. Isto lembrou-nos que era tempo de regressar para um jantar confortável.
Passámos maioritariamente do tempo com os nossos amigos e com a sua filha Leda de apenas 2 semanas. Hória e Gabriela são ambos arquitectos em Brasília, e dedicam-se maioritariamente à elaboração de mobiliário e renovação de interiores. Falam do quanto em Brasília a vida é ideal para Leda crescer: uma vida calma, sem sobressaltos ou falta de segurança, perto da família e com parques e jardins para ela brincar. Não se viam permanecer em Brasília porque quando Leda crescer não há muito que explorar em Brasília. Talvez uma mudança para São Paulo ou Munique (onde Oria cresceu) estava como alternativa. É interessante ver como hoje a mudança em casais novos, onde se vive e trabalha, está eminente nos dias de hoje, onde a informação e contacto é tão omnipresente. Penso que o povo português ainda é muito resistente a este fenómeno de transição pelo facto dos laços sociais e familiares serem muito apertados. A qualidade de vida não é a mesma da década de 70, onde o boom da emigração ocorreu, mas existe decerto o conforto emocional que “o viver perto de quem se gosta e perto do que se conhece e/ou domina” impele ao desejo de permanecer...
Passámos a tarde a visitar a Praça dos 3 Poderes, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal, o Palácio do Planalto, o Palácio do Itamaraty e o Palácio da Justiça. Todos edifícios de Óscar Neimayer que há pouco celebrou o seu aniversário: 100 anos de vida! A sua totalizante cor branca oferece um contraste dramático contra o céu cobalto. A impressão cinematográfica reside na Praça dos 3 Poderes e, em vez de acumulação de presenças históricas temos a claridade de um só gesto de construção.
Mais uma vez sou surpreendida pela escala dos edifícios que me parecem sempre mais pequenos. Porém a sua fotogenia é impressionante. Do exterior os pormenores destacam-se e a plasticidade da construção transforma-se em ornamentos. Porém no interior esta espectacularidade dissolve-se. Acredito que estes edifícios tenham sido feitos para serem admirados mais no seu exterior do que “experienciados” no seu interior. De facto, estes estão no seu tempo maioritariamente vazios.
Um dos edifícios que escapa àquela descrição é o Palácio do Itamaraty. Este edifício em colaboração com Roberto Burle Marx parece concebido até ao mais pequeno detalhe. Parece uma escultura arrancada do chão posteriormente escavada para revelar a uma estrutura de terra cinzenta. Metafisicamente vazio este interage intensamente com o visitante. Natureza em forma de intensa vegetação, água, pedras, som e luz invadem o seu interior. E a fronteira com o exterior dissolve-se. O pavimento, refinadamente polido, reflecte as sombras das inúmeras esculturas espalhadas no seu interior. Que colaboração excepcional onde arquitectura, estrutura, arte e paisagismo coexistem sem se aniquilar mas sim complementar numa experiência completa em sentir espaço ! Se tivesse de escolher um edifício que materializasse “espaço” escolheria definitivamente o Palácio de Itamaraty.
Também por causa do Palácio de Itamaraty nunca tinha reparado no edifico em frente, no Palácio da Justiça. A sua fachada é incrivelmente exuberante. Se no Palácio Itamaraty a experiência espacial é próximo de uma descrição metafísica aqui, concentrada no seu exterior, é sensual e exótica. O trabalho do betão varia em todas as fachadas e o som invade sem pedir licença os nossos corpos. Á água cai de conchas de betão que conferem em espectacular valor ornamental às fachadas ao mesmo tempo que fornece uma brisa fresca à secura do ar. Enormes peixes pincelam com cores berrantes os espelhos de água que circundam o edifício e a vegetação aquática oferece habitat aos mais variados pássaros e insectos que nos circundam. Talvez por o sol estar perto da linha do horizonte estes aumentam em número e actividade. Isto lembrou-nos que era tempo de regressar para um jantar confortável.
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